XX ENCONTRO PLE | 20th PLE MEETING

Os encontros que são promovidos anualmente, (organizados pelas diferentes escolas em esquema rotativo) têm ainda por finalidade aprofundar os ideais duma autêntica cidadania europeia assente na cooperação e tolerância.
Em 2012 o XX ENCONTRO PLE será realizado na NOSSA ESCOLA de 17 a 21 de maio.
Contamos com a vossa colaboração!!!

The Annual meetings are promoted and organized by different schools in a rotating schedule with the aim of developing the ideals of a true European citizenship based on cooperation and tolerance.
In 2012 the 20th Meeting will be held in ESCOLA ARTÍSTICA SOARES DOS REIS from
17th till 21st May.
We are expecting your support!


A Equipa Coordenadora | Coordenation Team

Ana Andrade, Laurinda Branco, Madalena Meneses, Susana Barbosa

BREVES APONTAMENTOS SOBRE O PLE

Entre o diamante e a grafite nada existe de substancial que os separe, são ambos realidades do elemento carbono. Apesar disso, ao primeiro atribuímos um valor quase incalculável e ao segundo um desprezo imperceptível. A explicação dessa diferença está em, como todos sabemos, numa disposição alternativa dos átomos de carbono. Num caso provoca o cristal que todos adoramos e admiramos, no outro caso dá à luz um elemento amorfo, sem vivacidade e opaco à luz. O resto da história são condicionantes sociais e económicas. Serve esta pequena digressão pelo mundo da mineralogia para explicar como foi possível transformar a grafite que são as escolas enquanto seres isolados num diamante em que se tornou uma organização chamada PLE ( Parlement Lycéen Européen).

Em  1992 o jornal escolar “Le Mur”, pertencente à escola “ Lycée Professionnel Jean Guéhenno” de Saint-Amand Montrond de França procurava parceiros europeus para estabelecer uma rede de correspondentes de jornais escolares de índole semelhante. Muito havia por onde começar, a tarefa parecia imensa e quase impossível. Decidiram procurar escolas com as mesmas afinidades do Lycée Jean Guéhnno. Pareceu-lhes óbvio começar pelas escolas com cursos de Joalharia e Ourivesaria, o sentimento de pertença é sempre um bom início para qualquer relação. A essa chamada muitas vieram, se muitas for aquilo que às vezes pode ser. O ano de 1992 ficou como sendo oficialmente o ano zero do PLE. Nesse encontro ficou desde logo patente que muitas mais afinidades existiam entre essas escolas. As grandes preocupações do “Le Mur” atravessavam a Europa: direitos humanos, cidadania europeia, ódio ao racismo e à xenofobia. Pelo meio também havia a Ourivesaria, talvez o elo mais forte que motivou as escolas presentes a continuarem com um projecto mais arrojado. Depois desse primeiro ano outros vieram e o PLE foi-se afirmando. A grande motivação para esses encontros definiu-se em três concursos (artigo de imprensa, jóia e desenho de jóia) que à semelhança dos ideais olímpicos mais pretenderam fomentar o convívio e a amizade do que a competição. No ano de 1993 e ainda em Saint-Amand 12 escolas de 12 países reúnem-se e elegem a primeira direcção do PLE, é o primeiro encontro desta organização. Ficam estabelecidas algumas intenções imediatas a prosseguir: criar uma base europeia de dados relativos a cursos, estágios, formação, bolsas de emprego e intercâmbios entre as escolas membros do PLE; comparar a formação obtida em cada país, seja dum ponto de vista quantitativo (em termos de anos dessa formação) ou qualitativo (a extensão curricular dessa formação); comparar a legislação relevante para estes propósitos sobretudo aquela que permite a criação de empresas e atliês; criar um programar de estudos trienais de estrutura modelar que rode por três escolas parceiras nesse projecto. Os Direitos Humanos e a imprensa escolar são, a par do ensino da Ourivesaria, os outros temas prementes. Saint-Amand acolhe o 2º encontro em 1994. A União Europeia toma conhecimento do PLE e Bruxelas apoia o projecto.  O 3º encontro acontece no ano seguinte em Idar-Oberstein na Alemanha. São tomadas algumas decisões no sentido de fomentar intercâmbios profissionais usando o programa comunitário LEONARDO. Fala-se ainda em criar correspondentes de imprensa em cada escola membro, promover as criações artísticas e técnicas de cada escola através de exposições durante os encontros e incentiva-se à associação pontual entre escolas para acções comuns no âmbito dos Direitos Humanos, acções de solidariedade e protecção ambiental. No ano de 1996 o encontro é em Stemnitsa, Grécia. Começa a desenhar-se uma rede de projectos envolvendo as escolas membro do PLE. A cargo do programa LEONARDO ficam as expectativas de estágios europeus entre as instituições de formação e empresas estrangeiras. Com isso pretende-se  melhorar a formação em Joalharia/Ourivesaria, criar módulos de formação comum aos vários países membros, editar um dicionário multilíngue e  promover a colaboração entre as escolas e as empresas.. Dentro do programa SÓCRATES-COMÉNIUS ficam as intenções de edições europeias de jornais escolares e o encontro entre escolas para troca de experiências no campo da didáctica  e da metodologia pedagógica. A delegação francesa fica com a incumbência de coordenar a rede dos correspondentes europeus de imprensa escolar. Portugal acolhe o 5º encontro em Lisboa através da escola especializada artística de António Arroio (já então escola membro) e a escola artística Soares dos Reis é  convidada a participar como assistente  nesse encontro.

No final do encontro fomos propostos para membros efectivos e essa proposta foi desde logo aceite por todas as partes.. Neste encontro as duas decisões mais importantes foram a criação de um dicionário, em suporte informático, de termos de Joalharia/Ourivesaria, multilingue, usando as diversas línguas faladas no PLE que se denominou Projecto Cellini e a proposta de criação dum diploma europeu para Joalharia.  Os restantes encontros ( 1998 em Amsterdam-Holanda; 1999 Kaiserslautern-Alemanha, 2000 Málaga-Espanha; 2001 Arezzo-Itália) continuaram a aprofundar  os projectos anteriormente lançados e confirmar a vitalidade do projecto PLE. Muitos países e escolas foram aderindo, mesmo algumas que por se situarem fora do espaço geográfico Europeu (América, África) ficaram com o estatuto de membros-observadores.

Desde a sua participação no PLE, a escola Soares dos Reis, mostrou-se sempre activa e logo despertou a curiosidade dos restantes parceiros. Em 1999 a escola ganha o 1º prémio de desenho de jóia e o 3º prémio de artigo de imprensa, em 2000 o 1º prémio de jóia e em 2001 o 3º prémio de artigo de imprensa. Não foi por isso de estranhar que em 2001 fossemos convidados em Arezzo para organizar o 10º encontro do PLE no Porto. Esse encontro pretendeu ser um espaço de balanço e reflexão em torno de diversas expectativas que se foram criarando ao longo de dez anos e das  realizações que o PLE foi capaz de levar a cabo.  Durante o encontro a escola Soares dos Reis, na figura da professora Madalena Meneses, foi formalmente escolhida para a direcção da organização, o Management Team, para desempenhar o cargo de secretária.

Outros encontros se seguiram e a organização foi-se fortalecendo e criando laços pela Europa fora. Em 2003 as pedras preciosas, em especial o diamante, são alvo de todas as atenções no PLE de Antuérpia na Bélgica. O ano de  2004 foi um regresso à infância da civilização europeia em Delphos, Grécia. Reviveram-se mitos, o rei Midas e as técnicas tradicionais helénicas. A Itália salvou o ano de 2005 organizando um PLE muito em cima da hora em Peschierra. Portugal assume a presidência da organização pela mão da professora Madalena Meneses. Certamente que para essa decisão muito contribuiu o trabalho desenvolvido na escola Soares dos Reis em torno da organização.  Glasgow em 2006 introduziu o design celta na discussão. Em 2007 há um novo regresso á cultura helénica em Lanarka, Chipre. Desta vez Afrodite contagia o encontro. Valenza , Itália, é a cidade anfitriã do encontro de 2008. A temática do encontro centrou-se da produção industrial de jóias. Há nova mudança da presidência da organização mas continua nas mãos da escola Soares dos Reis. Desta vez é o próprio presidente do órgão de gestão o escolhido. Mais uma vez o excelente trabalho da escola dita a confiança depositada por todos. O ar frio do Báltico invade-nos em Liepajas, Letónia. Curiosamente descobrimos imensas afinidades com a escola de Liepajas e desde essa altura tem sido uma companheira em vários projectos de intercâmbio. A vez da Bélgica chega novamente em 2010, desta feita em Namur. Fala-se muito no encontro do ensino da joalharia. Em 2011 o encontro foi em Vigo. Novos materiais, novas formas, jovens artistas. Na espiral da história chega novamente a vez do Porto organizar o 20.º encontro do PLE.

Para Portugal e em especial para as escolas membros, a importância do PLE é enorme. Em primeiro lugar permite-nos, enquanto país ligado à produção de Joalharia e à escola, enquanto sítio onde se ensina essa mesma Joalharia, contactar com outras realidades diferentes umas onde se podem ver novas maneiras do fazer e novas concepções enquanto design de Joalharia,  outras  que nos permitem o saudável intercâmbio entre escolas. Para além desta vertente estritamente ligada ao ensino e à produção o PLE, os ideais lançados pelo jornal “Le Mur”, estão sempre presentes na análise das realidades europeias onde os encontros também funcionam como factor facilitador da promoção das regiões onde ocorrem e onde as escolas se inserem.

O PLE, enquanto organização com múltiplas finalidades, resume uma polivalência de interesses particulares e de grupo e onde há seguintes realidades sempre presentes: reequacionamento dos Direitos Humanos face às novas realidades tecnológicas e sociais, promoção e definição duma cidadania europeia, intercâmbio entre regiões, qualificação do ensino da Joalharia/Ourivesaria.
Ao longo destes últimos dez anos o PLE centrou-se essencialmente na tarefa de construir alicerces sólidos capazes de impor a organização a um nível europeu. Tem-se discutido os estatutos no sentido de transformar o PLE numa Organização sem Fins Lucrativos. Sendo as finanças o principal problema da organização, quer-se não só garantir a possibilidades de serem geradas receitas próprias mas ainda permitir que patrocinadores apareçam enquadrando correctamente os seus donativos com o fisco.
As grandes linhas de força dentro da organização continuam a ser:
  • Os intercâmbios escolares permitindo a troca de experiências no âmbito da joalharia/ourivesaria.
  • A promoção das culturas locais e divulgação dos diversos patrimónios.
  • Os debates em torno de conceitos actuais como a Joalharia Contemporânea, os novos materiais, o novo design, o redesign de formas antigas e tradicionais.
  • A preocupação com a paz entre os povos, a coesão social, os desperdícios nas sociedades industrializadas e o desequilíbrio ambiental que isso provoca.
Nesse sentido, os vectores programáticos previstos já para o XX encontro vão de encontro a estas grandes linhas que o PLE sempre acarinhou, nomeadamente:
  • Reforçando os intercâmbios Comenius e Leonardo da Vinci, integrados no projecto PROALV; dinamizando outros intercâmbios patrocinados pela escola ou outras entidades do sector produtivo da ourivesaria/joalharia.
  • Mostrando, durante o encontro, parte significativa da cultura da região do Porto acentuando o património de ourivesaria.
  • Chamando artistas ligados à Joalharia Contemporânea para falarem das suas obras; promovendo um concurso cujo tema é o redesenho dos brincos tradicionais do Minho.
  • Organizando um workshop de reuso de materiais abandonados (sobras, “lixo”, desperdícios), construindo com eles objectos visualmente agradáveis (chamar-lhes “obras de arte” é uma ténue esperança, apenas se pretende actuar no sentido da sensibilização).
Alberto Teixeira
Director Executivo da EASR
Presidente do PLE

Julho de 2011